Opinião: Balanço do ESC 2013



Este ano realizou-se a 58ª edição do Festival Eurovisão da Canção, decorrida em Malmo, na Suécia, entre os dias 14 e 18 de Maio. Apesar de Portugal não ter participado este ano, tivemos a possibilidade de ver o concurso através da RTP1, ainda que nem sempre em directo. Para aquilo que eu esperava, já foi melhor que nada.
Arriscar-me-ia a dizer que este foi um dos festivais que mais gostei nos últimos anos em termos de organização. Em toda a edição esteve bem patente a gratidão à música de Loreen, que deu o Festival à Suécia, e achei extremamente original a utilização das borboletas com as cores das bandeiras dos países participantes. O lema “We are One” é uma boa maneira de tentar demonstrar aquilo que a Eurovisão devia ser e cujo motivo lhe deu o início: a junção dos países europeus após a guerra. Apesar de ser comediante, Petra, a apresentadora, não se deu muito a piadas, limitando-se a fazer o seu trabalho. E fê-lo bem. Pessoalmente já vi palcos melhores, aquele queria roçar a originalidade mas limitou-se a ficar estranho.
Grand Final of the 2013 Eurovision Song ContestAdorei, adorei mesmo, ver a actuação de todas aquelas crianças da 1ª semi-final. Momento alto da noite, claramente, recordando Euphoria de uma maneira muito mais enternecedora. Eu rendi-me.
A 1ª semi-final foi mais interessante que a 2ª, com melhores músicas e com mais certezas de quem passaria à final. O grande choque foi mesmo ver a Sérvia a ficar para trás, o que acabou por não ser de espantar depois de se ver melhor a actuação. A 2ª semi-final foi mais equitativa, com músicas ao mesmo nível e com as poucas a sobressaírem. Apesar de algumas serem claras que passariam à final, tive algumas dúvidas sobre quem preencheria o lote. A final teve mais um início espectacular. Aquele hino criado por Avicii e pelos elementos masculinos dos ABBA ficou completamente adequado ao momento em que os participantes desfilaram. Ver as bandeiras alinhadas deu-me um certo toque de tristeza por não ver lá uma bandeira portuguesa. Admitamos, um toque de verde e vermelho ficava tão bem ali! Os vestidos de Petra foram piorando de gala para gala, mas pelo menos a boa disposição manteve-se.

Algumas interpretações melhoraram, outras foram tomadas pelo nervosismo, mas no geral foi um bom espectáculo. Loreen voltou a arrasar nos palcos eurovisivos e provou mais uma vez porque é que foi a vencedora do ano passado.
Vamos às músicas, agora. Dinamarca era claramente uma das favoritas e a vitória não foi surpresa nenhuma para ninguém. Foi uma vitória justa, foi das músicas que mais gostei, pela voz e pelo ritmo. Facilmente a música se encaixou no meu ouvido, e Emmelie foi das intérpretes mais expressivas. Aliona Moon, da Moldávia, desiludiu-me, ao estar nervosa e ao deixar que isso lhe afectasse a voz. Aquela não era uma música que permitisse esse tipo de falhas! A Ucrânia, Noruega e Azerbeijão, que também eram das minhas preferidas, conseguiram lugares cimeiros, o que me deixou bastante agradada. Interpretações sublimes e poderosas, sem falhas, com músicas feitas para ganhar.
Denmark wins 2013 Eurovision Song ContestNão posso deixar de referenciar o belo espectáculo que foi ver a final na RTP1, com a Sílvia Alberto a comentar. Entendo que ela tenha as suas opiniões pessoais, mas ela foi paga para traduzir o festival, não para gozar com os concorrentes. “Esta música é mais do mesmo”, “O gosto musical deste concorrente é duvidoso”, “Não sei como é que o Azerbeijão conquistou tantos votos!”.

Ainda chegou ao cúmulo de criticar o facto de os países de leste votarem uns nos outros e que duvidava que os países ocidentais concordassem com os votos (referia-se especialmente ao Azerbeijão, que como já disse, foi das minhas músicas preferidas, por isso se calhar há quem concorde).
Novidade para ti Sílvia Alberto: caso não tenhas reparado, os países de leste votam uns nos outros, mas os países ocidentais também votam uns nos outros, e os países nórdicos fazem o mesmo. Porque não criticaste isso? A cereja no topo do bolo foi quando ela diz “há muitos anos que não se tinha uma vitória tão precoce na votação!” (isto porque a Dinamarca sagrou-se vencedora para aí a 5 países do final). Eu não sei quantos anos é muitos anos para a Sílvia, mas em 2009 a Noruega sagrou-se vencedora a 11 países do final. Se calhar criticar menos e estudar melhor o que faz não lhe ficava nada mal.
Concluindo, este foi um festival bastante bom, com vários países a apresentarem boas músicas e a debaterem-se pelo topo. Tivemos músicas extravagantes, músicas a copiarem outras, roupas de nos espasmar, interpretações fantásticas e outras nem tanto, vozes que merecem uma salva de palmas. O Festival volta a ficar nos países nórdicos, merecidamente. Depois desta óptima organização sueca, esperemos que a Dinamarca esteja à altura. E claro, esperemos que Portugal marque presença e nos faça sentir orgulho!

Esta opinião foi escrita pela nossa leitora, Elizabete Cruz.

0 comentários:

Enviar um comentário

+